sexta-feira, 28 de setembro de 2007

CERÂMICA DO NEOLÍTICO ANTIGO




O MNA RECEBE ACERVOS NOTÁVEIS
VASO DO MONTE DA VINHA
ESPÓLIO DA GRUTA DO CORREIO - MÓR

Vaso de Cerâmica datado do Neolítico Antigo



MÁRIO FERREIRA DA SILVA













EVOCAÇÃO, 1999
Placa
Dimensões: 70 x 40 cm
Grés chamotado - 1160ºC

Mário Ferreira da Silva nasceu e vive em Gaia. Com o diploma de técnico ceramista em Portugal, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, foi para Itália, onde frequentou o Instituto de Arte Cerâmica Gaetano Bellardini, em Faenza, e um curso de Escultura, em Perugia. Em viagens de estudo, percorreu a Suiça, a Alemanha, a Inglaterra, a França, a Itália, a Holanda e a Espanha. Em 1971, desloca-se a Washington e a Nova Iorque para dirigir a colocação de 80 painéis de cerâmica da sua autoria, encomendados para o John Fitzgerald Kennedy Center for the Performing Arts. É membro titular da Académie Internationale de la Céramique, órgão consultivo da UNESCO, com sede em Genebra.


AMÉRICO SOARES BRAGA

Pela dobra das décadas de 1940 - 50, alguns artistas enveredaram por uma bem sucedida revitalização de certos gêneros das chamadas "artes decorativas", ou "artes menores", expressa no pronto ressurgimento, quer da cerâmica, da tapeçaria, ou mobiliário, quer das artes gráficas, provavelmente como retomada e reflexo das idéias desenvolvidas na escola Bauhaus.

O escultor Américo Braga inscreve-se nesse quadro, formando com a atitude renovadora do pintor Jorge Barradas (1944) o travejamento da primeira geração de ceramistas portugueses modernos; a atestá-lo, a atribuição, em 1949, dos prêmios Nacional Sebastião de Almeida a Jorge Barradas e o de Revelação Manuel da Costa Brioso, a Américo Braga.



JOÃO CARQUEIJEIRO

João Carqueijeiro no Simpósio Internacional de Cerâmica de Alcobaça (Portugal) em Julho de 1987

João Edmundo Lemos Carqueijeiro (Lobito, Angola, 25 de Fevereiro de 1954) é um artista plástico português.
Desde 1981, dedica-se ao ensino da cerâmica, quer no âmbito da Formação Profissional, quer no de especializações, orientação de estágios, workshops e programação de Cursos. É formador de cerâmica desde 1985 e desde 1995 é acreditado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua de Professores. É professor dos Cursos Livres de Cerâmica na Cooperativa Árvore desde 1986, da qual é sócio.
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segunda-feira, 17 de setembro de 2007







HISTÓRIA DA CERÂMICA




A cerâmica é o material que acompanha o homem há mais tempo.

A capacidade da argila de ser moldada quando misturada em proporção correta de água, e de endurecer após a queima, permitiu que ela fosse
utilizada na construção de casas, de vasilhames para uso doméstico e armazenamento de alimentos, vinhos, óleos, perfumes, na construção de
urnas funerárias e até como "papel" para escrita.

A argila é extraída de uma rocha sedimentar, constituída por pequenas partículas acumuladas e depositadas no solo ao longo de milhares de
anos.

O esmalte cerâmico, também conhecido como vidrado. Este é utilizado como revestimento da cerâmica (tais como pratos, xícaras, azulejos
e peças sanitárias), para seu ornamento ou impermeabilização. São compostos de minerais e metais que, após sua fusão em forno, formam
o esmalte. Sua cor pode variar muito dependendo de sua composição e da temperatura e duração da queima (fusão). Sua cor pode variar
muito dependendo de sua composição e da temperatura e duração da queima (fusão).







AZULEJO EM PORTUGAL



AZULEJO é a palavra portuguesa que designa uma placa cerâmica quadrada com uma das faces decoradas e vidradas. A sua utilização é comum a
outros países como Espanha, Itália, Holanda, Turquia, Irão ou Marrocos, mas em Portugal assume especial importância no contexto universal da criação
artística:

- Pela longevidade do seu uso, sem interrupção durante cinco séculos.
- Pelo modo de aplicação, como elemento que estrutura as arquiteturas, através de grandes revestimentos no interior dos edifícios e em fachadas
exteriores.
- Pelo modo como foi entendido ao longo dos séculos, não só como arte decorativa mas como suporte de renovação do gosto e de registro de
imaginário.










O azulejo é um elemento identificativo da Cultura portuguesa, revelando algumas das suas matrizes profundas:

A capacidade de diálogo com outros Povos, evidente pelo gosto por Exotismos em que aos temas de uma cultura européia se misturam, por exemplo,
os das culturas árabes e indianas.

Um expedito sentido prático, revelado no uso de um material convencionalmente pobre, o azulejo, como meio de qualificação estética dos espaços
interiores dos edifícios e dos espaços urbanos.

Uma específica sensibilidade que em Portugal se orienta mais para valores de Sensualidade do que de Conceito, manifesta logo pela preferência de
um material colorido, refletor de luz, pela expressão imediata da pintura, e a escolha das próprias imagens mais centrada na descrição do real.







A TRADIÇÃO ISLÂMICA




Os primeiras utilizações conhecidas do azulejo em Portugal como revestimento monumental das paredes foram realizadas com azulejos hispano-
mouriscos, importados de Sevilha cerca de 1503.

A presença árabe na Península Ibérica fez-se sentir pela permanência de uma prática da Cerâmica, sendo Sevilha o grande centro produtor de
azulejos ainda nas técnicas arcaicas de corda-seca e aresta, até meados do século XVI.





Desde há cinco séculos que a azulejaria ocupa uma posição de relevo entre as artes decorativas portuguesas e, apesar de ao longo da sua história ter sofrido múltiplas influências, desenvolveu em Portugal características específicas entre as quais merecem destaque à riqueza cromática, a monumentalidade, o sentido cenográfico e a integração na arquitetura.

Foi durante a ocupação árabe da Península que os povos ibéricos tomaram contacto com a cerâmica mural. O termo "azulejo" deriva, aliás, de uma palavra árabe (al zulej) que significa pedra lisa e polida.

Até finais do século XV, os artífices andaluzes produziram grandes placas de barro cobertas de vidrado colorido uniforme que, uma vez cozidas, cortavam em fragmentos geométricos que eram depois recombinados em belos desenhos decorativos. Este processo, conhecido pelo nome de “alicatado”, porque envolvia a utilização de um alicate, era moroso e difícil além de exigir que o artífice acompanhasse a encomenda até ao local da sua aplicação. A impossibilidade de exportar o produto já acabado constituía uma limitação importante e, talvez por isso, os exemplares existentes em Portugal sejam escassos. Os mais célebres são os do Palácio de Sintra (Capela e quarto onde esteve preso D. Afonso VI).








No final do século XVI surge uma transformação técnica que leva ao aparecimento do azulejo tal como o conhecemos hoje: uma placa de barro quadrangular com uma face vidrada lisa ou decorada com desenhos coloridos. Contudo, a separação das cores na superfície vidrada levantava problemas porque as substâncias utilizadas eram hidro-solúveis e misturavam-se quer na fase de aplicação quer durante a cozedura. Para evitar este contratempo utilizava-se, como separador, uma barreira gordurosa constituída por óleo de linhaça e manganês. Esta técnica, conhecida pelo nome de "corda seca" associava-se quase sempre a uma elevação em "aresta" da superfície do barro, que funcionava como barreira mecânica nas zonas de separação dos vidrados. A "aresta" ou "cuenca" só passou a ser utilizada isoladamente depois da introdução de uma outra inovação: a "fritagem" que consistia no aquecimento dos vidrados a altas temperaturas antes de serem aplicados.

Azulejos de "corda seca" e de "aresta" ficaram na História com o nome de mudejares, hispano-árabes ou hispano-mouriscos. Durante o século XVI foram importados em grande quantidade para Portugal e aplicados em igrejas e palácios. Alguns exemplares ficaram célebres como os azulejos de "corda seca" representando a esfera armilar, encomendados por D. Manuel I e que ainda hoje revestem o Pátio das Carrancas, no Palácio de Sintra.





Os desenhos dos azulejos hispano-árabes mantinham a influência das decorações árabes e reproduziam as laçarias e os esquemas geométricos. Nos finais do século XVI surge outro avanço técnico decisivo: graças à utilização do esmalte estanífero branco e dos pigmentos metálicos, passou a ser possível pintar diretamente sobre o vidrado. Esta nova técnica conhecida pelo nome de "majólica" (provável corruptela da palavra Maiorca, porto de onde os azulejos eram importados) foi trazida para Portugal por Francisco Niculoso. Com ela vinha associada a estética renascentista com a sua gramática decorativa própria e que evoluiria mais tarde para o maneirismo.

Por influência das disposições saídas do Concílio de Trento, foi abolido tudo quanto pudesse lembrar a arte islâmica e em sua substituição passaram a proliferar os motivos ornamentais italo-flamengos. Deste período existem algumas obras notáveis entre as quais merece referência especial o revestimento a azulejos da Capela de S. Roque, em Lisboa, pintados por Francisco de Matos em 1584.











No final do século XVI, Portugal cai sob o domínio dos Filipes. As dificuldades económicas, que não permitiam acesso fácil às tapeçarias, aos vitrais e aos mármores, associadas às experiências acumuladas pelos portugueses no campo das artes e da cerâmica, conduziram ao aproveitamento máximo do azulejo como material decorativo. É então que aparecem numerosos exemplares de composições geométricas que vão desde as combinações em xadrez até formas mais complexas como os "azulejos de caixilho", que com as suas linhas oblíquas, decompõem e modelam as superfícies onde se encontram aplicados.Na sequência destes exemplares, surgiram os célebres "tapetes" do século XVII, formados pela repetição de padrões policromos. Estes padrões resultavam de combinações de um número variável de azulejos, formando quadrados de 4, 16, 36, ou mais elementos. Os vários "tapetes", cada um com o seu padrão diferente, justapostos e emoldurados por faixas, revestiam de alto a baixo as paredes das igrejas e por vezes o próprio tecto, produzindo efeitos decorativos surpreendentes.A partir do último quartel do século XVII, vários factores provocaram profundas transformações na estética do azulejo. Os navegadores portugueses que tinham viajado pelo Oriente, divulgaram na Europa a faiança chinesa azul e branca que rapidamente conquistou o gosto dos países do Norte da Europa e se estendeu mais tarde aos países meridionais. A policromia dos azulejos foi então sendo substituída pelo monocromatismo, começando a surgir então vários padrões de "tapetes" do século XVII, reproduzidos a azul e branco.


Painel de Azulejos portugueses no

Convento de São Francisco. Olinda-PE


AZULEJO - ESTILO BARROCO

Durante o século XVII, alastrava-se pela Europa a estética do barroco, cujos componentes de encenação e de teatralidade da vida e dos costumes se refletiam sobre todas as formas de arte. Surge então o azulejo historiado, em que os diversos personagens são captados em plena ação e em que as cenas representadas são envolvidas por molduras extremamente ricas que funcionam como a "boca de cena" de um palco. Tudo isto coincide com a reconquista da independência de Portugal em 1640 e com o nascimento de uma nova aristocracia que rapidamente prospera e procura criar os seus próprios cenários. Os palácios são então revestidos com belos painéis de azulejo representando batalhas, caçadas ou cenas da vida quotidiana. Grande parte destes painéis é copiado e adaptado de gravuras, que, nessa altura, chegam da França e que passam a ditar as modas.

Nas escadarias e vestíbulos dos palácios mais abastados, surgem também as célebres "figuras de convite" que representam porteiros ou soldados armados, enquanto que nas casas de recursos mais limitados, se recorre aos alizares, com módulos repetidos, em que predominam as "albarradas". Pela mesma altura, a "figura avulsa", também de influência holandesa, ganha em Portugal uma expressão própria e uma invulgar força decorativa, apesar do seu desenho de traço grosseiro e pouco cuidado.

Mas foi sobretudo nas igrejas e nos conventos que o azulejo barroco adquiriu a monumentalidade que o imortalizou. São muitos os exemplares espalhados por todo o País, representando cenas do Velho e do Novo Testamento e contando episódios da vida dos santos, em séries de painéis que assumem, por vezes, um caráter narrativo que quase lembra a banda desenhada. A igreja de São Lourenço, em Almansil, e o Convento dos Loios, em Arraiolos, constituem dois casos brilhantes da azulejaria portuguesa desta época.



Painel de Azulejos portugueses


na Igreja e Convento de São Francisco.



Salvador-BA.



Igreja de São Francisco, construída no século XVIII, é uma das mais ricas do Brasil sendo a mais exuberante de Salvador. Alguns a consideram o mais belo exemplar do barroco português no mundo.O seu interior é todo recoberto em ouro e jacarandá com talhas retratando anjos, animais e flores etcExistem inúmeros Painéis de Azulejos, em tons de azul, na entrada do templo, no Altar e na Sacristia, retratando cenas alusivas à São Francisco de Assis — seu nascimento e renúncia aos bens materiais, trabalhos pintados por Bartolomou Antunes de Jesus, um dos grandes mestres da azulejaria de Portugal.
Detalhe de um dos painéis de azulejos da Igreja que foi restaurado, não faz muitos anos, sob a corrdenação da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, entidade sediada em Portugal que possui larga experiência no assunto.








Painéis no claustro. Parte dos 37 existentes.








Painel em azulejo português. Séc. XVIII, provavelmente da Igreja da Sé em estilo pombalino



Cerca de 1750, após a morte de D. João V e já em pleno consulado do Marquês de Pombal, a azulejaria decorativa passou a ser influenciada pela estética "rocaille". Desapareceram então as exuberâncias decorativas do período anterior, regressou o policromatismo com uma paleta de quatro cores e as guarnições passaram a exibir as asas de morcego e os concheados assimétricos, típicos do estilo Luis XV. Na Fábrica do Rato, fundada em 1764, foram produzidos alguns dos mais belos exemplares deste período e é possível que de lá tenha saído um dos mais admirados: O Jardim da Quinta dos Azulejos, em Lisboa.

Mas a época pombalina ficou igualmente marcada por um tipo de azulejaria utilitária que surgiu após o Terremoto de 1755. Durante a reconstrução da cidade, o Marquês de Pombal incentivou a produção de azulejos, que constituíam material barato, higiênico e resistente. Os vestíbulos e escadas da Baixa lisboeta foram então revestidos com azulejos de padronagem polícroma, com desenhos simples mas extremamente decorativos, que ficaram definitivamente ligados à arquitetura pombalina.







Nossa Senhora do Carmo, Fabrico de Coimbra



Cerca de 1780, já em pleno reinado de D. Maria I, surge o estilo neoclássico. O azulejo português aderiu rapidamente às influências que chegavam da Europa e exprimiu-se, sobretudo sob a forma de alizares com enquadramentos retilíneos e elementos decorativos polícromos em que predominam os florões, as grinaldas, as plumas, as "chinoiseries" e os medalhões com paisagens. O "estilo D. Maria", como ficou conhecido em Portugal, durou até ao princípio do século XIX.

Mas nessa altura, Portugal mergulhou numa grave crise política e econômica que afetou a atividade produtiva, nomeadamente o fabrico de azulejos. Primeiro as invasões francesas, depois a independência do Brasil e mais tarde a guerra civil de 1832-1834. Grande parte das olarias portuguesas foi obrigada a fechar e deixou de poder responder às encomendas dos seus clientes habituais.


Séculos XVIII · XIX

O Neoclássico



Painel historiado,Fundação José Berardo,Funchal, c. 1805.foto: Carlos Monteiro DDF/IPM



O final do século XVIII e com origem, em grande parte, na Real Fábrica de Louça do Rato, de Lisboa, a azulejaria assimila o neoclassicismo, estilo internacional divulgado através das gravuras de Robert e James Adam, e associado no azulejo português com paisagens executadas por Jean Pillement.Os painéis cerâmicos são agora silhares baixos e articulam-se com a pintura a fresco, de que citam os fundos brancos, desadornados, dotando-se de uma leveza e de uma profusa variedade de temas e composições que tornam esta produção uma das mais surpreendentes.Os painéis são preenchidos com ornatos leves, de requintada policromia e sem expressão de volume, marcando-se os centros com medalhões monocromáticos de execução caligráfica, correspondendo ao gosto da nova burguesia que surge também como importante encomendante de azulejos.Estes narram histórias de ascensões sociais, representam figuras elegantes da época, enquanto a Igreja não abandona os tradicionais ciclos religiosos e a nobreza os temas anteriormente preferidos.

Igreja e São Julião,Mafra,1807 · 1808.


AZULEJOS DE FACHADA

Casa tradicional revestida a ajuzelos, Lisboa, Portugal


No Brasil, para onde desde o século XVII eram enviadas grandes quantidades de azulejos portugueses, a azulejaria vai passar a ter uma utilização diferente: o revestimento das fachadas.

De início, foram aplicados apenas azulejos brancos em fachadas de igrejas, mas posteriormente esta prática estendeu-se aos prédios urbanos que se cobririam de padronagem polícroma. A partir de meados do século XIX, esta prática estendeu-se a Portugal, trazida pelos emigrantes endinheirados que regressavam às suas terras e que ficaram conhecidos na História pelo nome de "brasileiros".

As fachadas das povoações do Norte (Porto, Ovar, Aveiro) e mais tarde, as do Sul, vão cobrir-se de azulejos produzidos nas fábricas surgidas após a recuperação econômica que se iniciou cerca de 1840. Esta azulejaria de fachada, de fabrico semi-industrial, coexistiu com outra em que estavam presentes tendências românticas e revivalistas, marcadas por uma linguagem eclética. Nesta fase, distinguiu-se Ferreira das Tabuletas, autor de composições ornamentais aplicadas em fachadas de vários prédios de Lisboa, nas quais estão presentes simbologias maçônicas.



Fonte de Sintra – a fonte Mourisca. Datada de 1922 e de estilo revivalista, teve como autor o mestre escultor José da Fonseca.



Nas primeiras décadas do século XX, o azulejo foi influenciado pela Arte Nova que aparece nos trabalhos de Rafael Bordalo Pinheiro e em numerosos frontões e faixas decorativas produzidas nas fábricas de Sacavém, Desterro, Carvalhino e Fonte Nova. A Arts Deco, que teve uma presença mais discreta na azulejaria portuguesa, foi predominantemente utilizada em vestíbulos, tabernas e num núcleo numeroso de fachadas em Vila Franca de Xira.


Durante os dois primeiros quartéis do século XX, a azulejaria revivalista ocupou um espaço importante, sendo numerosos os painéis de pendor historicista e folclórico produzidos durante este período. O principal representante desta corrente foi Jorge Colaço, autor de uma vasta obra em que a técnica da pintura a óleo se procurou adaptar ao azulejo.


A partir de 1950, os artistas plásticos portugueses começaram a interessar-se pela utilização do azulejo. Para isso contribuíram Jorge Barradas, considerado o renovador da cerâmica portuguesa e Keil do Amaral que, nos contactos com os arquiteto brasileiros, redescobriu as potencialidades deste material de revestimento cerâmico. Embora sejam numerosos os artistas plásticos que ensaiaram experiências no campo da azulejaria, alguns deles conquistaram uma posição de destaque mercê da dimensão e da qualidade da obra produzida, como é o caso de Maria Keil, Manuel Cargaleiro, Querubim Lapa e Eduardo Nery. Na seqüência de encomendas feitas por entidades oficiais ou por particulares, a azulejaria moderna portuguesa enriqueceu-se com alguns exemplares notáveis como os conjuntos de painéis da Av. Infante Santo e do Metropolitano, a fachada da Reitoria da Universidade e o painel da Av. Calouste Gulbenkian, todos em Lisboa.

A par desta azulejaria de características eruditas, o azulejo português continuou, nesta segunda metade do século XX, a manifestar-se através de exemplares menos elaborados ou de caráter popular, como os revestimentos das fachadas das casas dos emigrantes e os registros, cartelas e painéis naturalistas, desenhados pelos artífices que trabalham nas fábricas. Mas, através de todas estas formas, continuou a revelar a sua vitalidade e a reafirmar-se como uma das manifestações mais originais das artes decorativas européias.



O Azulejo no Brasil






O primeiro registro da azulejaria no Brasil data de cerca de 1620-1640, quando peças de cerâmica vidrada vieram de Portugal para ornamentar o Convento de Santo Amaro de Água-Fria, do Engenho Fragoso, em Olinda, hoje expostas no Museu Regional de Olinda-PE. Segundo o historiador João Miguel dos Santos Simões, "é durante a segunda metade do século XVII que intensifica-se a construção de templos, sobrador, engenhos e palácios, e só excepcionalmente essas edificações são desprovidas de azulejos e estes continuam a vir da Metrópole" (Lisboa).

Em 1737 chegam de Portugal os magníficos painéis da capela mor do Convento de São Francisco, na Bahia, "o mais vasto repositório de azulejos portugueses existentes sob um mesmo teto, depois do de São Vicente-de-Fora, em Lisboa". Durante o século XVIII e todo o século XIX, os azulejos continuam chegando ao Brasil, usados principalmente na decoração de igrejas e posteriormente na proteção das fachadas dos prédios urbanos. Essa nova moda acaba repercutindo em Portugal, gerando, ainda segundo Santos Simões, "um curioso fenômeno de inversão de influências, extraordinário exemplo de comunhão cultural".


Depois da abertura dos portos, os azulejos holandeses e de outros países começaram a chegar ao Brasil. Salvador, Rio de Janeiro, Recife, São Luís e outras cidades mostram, em construções históricas, toda a beleza da azulejaria portuguesa, holandesa e até francesa.O azulejo começou a ser fabricado no Brasil no século XIX. Existe referência de azulejos de boa qualidade produzidos em Niterói por Antônio Survílio & Cia, que teriam sido expostos na I Exposição Nacional, em 1861. No Rio de Janeiro dois fabricantes, José Botelho de Araújo e Rougeot-Ainé, participaram da II Exposição Nacional realizada em 1866. Existem registros de trabalhos de faianças, ladrilhos e de outros produtos cerâmicos nas exposições 1873, 1875 e na Exposição da Indústria Nacional de 1881. Mas a produção regular de azulejos só iria ocorrer no início do século XX, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo e depois em outros estados. Uma das pioneiras foi a Fábrica Santa Catarina, de Romeu Ranzine, instalada em São Paulo em 1912. Em 1919 apareceu no Rio de Janeiro a Manufatura Nacional de Porcelana, produzindo inicialmente louça doméstica e isoladores elétricos de porcelana, passando a fabricar azulejos em linha depois de 1931, quando foi comprada pelo Grupo Klabin. Novas indústrias apareceram no correr do século, com destaque para as fábricas Matarazzo, Schimidt, Mauá, Incepa, Iasa e Steateta. Até 1973 o azulejo era fabricado no Brasil no formato 15 por 15 centímetros. A partir dessa data criou-se um novo padrão, de 15x20 e em 1979 apareceu a bitola 11x11cm para atender ao mercado dos Estados Unidos. O padrão de 20x25cm apareceu em 1982, com novas técnicas e logo a seguir a forma simétrica de 20x20, 25x25 e 30x30 centímetros. Os formatos maiores permitiram uma criatividade maior de artistas e designers.



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A FAIANÇA PORTUGUESA



A cerâmica portuguesa tem as suas mais profundas raízes nas culturas megalíticas de milênios e que ocuparam o Ocidente da Península Ibérica. Quem se debruça sobre a nossa olaria encontra nela vestígios dos antepassados romanos, árabes, visigodos e celtas. Tanto os métodos de produção como os elementos decorativos e as próprias características das formas e função dos objetos são testemunhos irrefutáveis da sua origem. Já as citações de Garcia de Resende, Gil Vicente e Camões e dos cronistas da era de quinhentos atestam a evidência destes fatos.

No início do Séc. XVI começam a aparecer provas documentais da existência das cerâmicas vidradas, mais propriamente das faianças portuguesas.

Em meados do Séc. XVII assistimos ao aparecimento de louça muito desenhada, de muitas pequenas figuras, paisagens, fauna, flora e construções de tipo chinês, decorações estas que constituíram mais um motivo ornamental que passou a ser conhecido por «desenho miúdo». No final do Séc. XVII inicia-se na Holanda a manufatura da faiança, que vem substituir a Majólica, indo buscar temas diretos à porcelana da China, importada pela Real Companhia das Índias Holandesas. Assiste-se, então, ao aparecimento de notáveis manufaturas de faiança em Roterdã, Amsterdã, Antuérpia, Frislândia e principalmente, em Delft. Mas não foram só as faianças européias as influenciadas pelos motivos das porcelanas chinesas. Também e, por sua vez, as de origem chinesa começaram a ser influenciadas pela cerâmica não só portuguesa mas também pelas de outras origens e que iam nas naus de Portugal para essas longínquas paragens. E não eram só as naus que serviam de intermediários. Eram, também as caravanas que se abaiançavam a atingir a China, percorrendo as Rotas de Prestes João e Marco Polo, com o aliciante das especiarias e das sedas orientais. Desta comercialização sempre crescente nasceria, sem dúvida, um intercâmbio com fortes repercussões nos costumes e também nas artes, principalmente nas decorativas. Foi principalmente nestas que se exerceu a influência do Oriente.




A escola de Faenza ganhou tanta celebridade que deu seu nome a todos os objetos de cerâmica que, da Itália, se difundiam pela Europa: daí o nome faiança em português, e o faience, lembrando o nome da cidade Romana. As cerâmicas de Faenza e a Maiólica são muito parecidas, sendo muito difícil distinguir uma da outra. Esse tipo de cerâmica branca denominada de Maiólica tem a superfície lisa e vidrada. Seu nome deriva de uma ilha do arquipélago das Baleares (hoje Majorca), onde os árabes haviam implantado uma indústria bastante florescente. Em Sévres e em Capodimonte, são fabricadas graciosas e delicadas estatuetas que, às vezes, assumem excepcional valor artístico pela perfeição do acabamento ou pela raridade do desenho.


Pratos Faiança Portuguesa - Séc. XVII



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ESMALTAÇÃO DE CERÂMICA


O esmalte para cerâmica é um revestimento liso e cristalino aplicado a objetos de cerâmica, para adicionar cor e decoração à superfície ou para variar sua textura. O esmalte forma uma superfície dura e não porosa, de fácil limpeza.

Os esmaltes são geralmente feitos de pó de vidro combinado com óxidos coloridos de elementos como cobalto, cromo, manganês ou níquel, em suspensão em água. São aplicados nas superfícies cerâmicos por pulverização, com pincéis ou por banho.



Após a aplicação o esmalte é secado e fixado na superfície cerâmica por queima. Durante a queima, o vidro amolece e flui na superfície cerâmica, em toda sua extensão, reagindo com o substrato ( peça crua ) cerâmico para formar uma aderente e forte composição com a cerâmica. Vários componentes, como óxidos alcalinos, boratos e óxidos de chumbo podem ser adicionados ao esmalte, para torná-lo mais macio à uma temperatura menor, para que flua mais facilmente durante a queima e cubra rugosidades e defeitos na superfície cerâmica.
Se o esmalte é aplicado a um substrato cerâmico queimado, uma segunda queima é necessária para derreter e fundir o esmalte ao substrato.. É, também, possível aplicar o esmalte a uma cerâmica não queimada e queimar o esmalte e o substrato juntos. Com duas queimas é possível conseguir uma maior variação de cores e texturas.


A barbotina, ou massa líquida, na qual o esmalte é aplicado deve possuir propriedades específicas para garantir que o esmalte seja facilmente aplicado, não escorra na secagem, e tenha uma boa aderência, tanto quando úmido e após a secagem. Estas propriedades são freqüentemente obtidas pela adição de pequenas quantidades de argila à suspensão, e pelo controle da quantidade de água na argila líquida e do tamanho das partículas do pó de vidro. Detergentes ( agentes ativos de superfície orgânica ) podem ser adicionados à argila líquida para melhorar suas propriedades.

Muitas vezes cristais finos surgem no esmalte, tornando-o mais translúcido ou opaco. Os cristais, também, dão um acabamento fosco, ou opaco, à superfície. O aparecimento de cristais pode ser conseguido pelo aquecimento durante um período de tempo na queima à uma temperatura um pouco inferior à temperatura de queima.

O esmalte trinca, ou desenvolve pequenas trincas, se a expansão térmica do esmalte for significativamente diferente da do substrato. Por isso a composição do esmalte deve ser elaborada com um coeficiente de expansão próximo à aquele do substrato.

As cores são conseguidas pela adição de pigmentos coloridos aos componentes do esmalte. Uma grande variedade de cores podem ser obtidas, dependendo do agente adicionado, da composição da base do esmalte, da cor do substrato e do estado de oxidação do forno.

A variação da temperatura ambiente, e outras anomalias podem causar variações nas cores do esmalte de um lote para outro. E, mesmo na mesma queima podemos ter variações nas cores do esmalte, dependendo onde as peças estão localizadas em relação às áreas mais quentes e mais frias do forno.

Efeitos especiais, no esmalte, podem ser produzidos. Se adicionarmos sal no forno durante a queima, o esmalte desenvolve uma fina textura “casca de laranja” , a qual pode ser uniforme ou pontual. Um esmalte que escuma durante a queima forma uma superfície áspera com bolhas quebradas, conhecido como esmalte vesiculado.


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http://www.instituto-camoes.pt/CVC/azulejos/index.html



Trabalho apresentado como requisito parcial para avaliação da disciplina TRG - Expressão Tridimensional VII, ministrada pela professora Adriana, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia.



Setembro/2007



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LINKS RECOMENDADOS



www.portorossi.art.br/vidrados.htm

www.flickr.com/groups/azulejos/pool/show/with/1305167531/

www.ceramicaindustrial.org.br/pdf/v07n03/v7n3_6.pdf

www.ceramicaindustrial.org.br/pdf/v02n34/v2n34_5.pdf

www.ceramicanorio.com/paineis.html

www.liec.ufscar.br/ceramica/pesquisa/pigmentos/page2.html

www.portorossi.art.br/linkCeramica.html

www.angelfire.com/zine/portugalpopular/paginas_principais/historia.htm

http://www.azulejosantigos.com.br/colonial/index.htm

http://www.museuregionaldebeja.net/azulejaria.htm

http://www.magmarqueologia.pro.br/FaiancaAzul.htm

http://boletimevora.googlepages.com/dalouçaordináriaenãotãoordináriaquesefaz

http://dn.sapo.pt/2007/09/15/centrais/a_historia_portugal_o_brasil_desconh.html

http://www.restaurabr.org/arc/arc02pdf/10azulejos.pdf

http://www.oazulejo.net/

http://www.1911encyclopedia.org/Ceramics

http://www.instituto-camoes.pt/CVC/azulejos/index.html

http://www.ceramicanorio.com/beaba.html#Esmalte

http://www.aqueduto.pt/pdf/leiloes/2007/junho/leilao_junho_07_lote_111a210.pdf






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